sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Pour Zarma, Changer à Babylone


Cinco fotógrafos escolheram cinco palavras. Depois propuseram a cinco escritores que escolhessem uma palavra e, a partir daí, elaborassem um texto onde não poderiam ser usadas as restantes vinte e quatro palavras. O projecto Pour Zarma, Changer à Babylone consiste na junção de textos e imagens pelo colectivo Odessa, fundado em 2002, em Toulouse e que se assume como um espaço de pesquisa, onde cada fotógrafo dá e recebe do colectivo, no sentido de desenvolver os seus projectos. No futuro, o colectivo Odessa prevê a continuação desta abordagem, ainda que cada projecto possa ser orientado por um director artístico diferente.

Esta irreverência criativa está bem patente nas imagens e na forma de trabalhar a côr pelo grupo que, com base nas diferentes abordagens fotográficas, justificam a diversidade que cada projecto pode assumir. Ainda assim, assiste-se a um denominador comum baseado na contemporaneidade da abordagem da côr e de se respirar um ambiente de pesquisa e de experimentalismo deveras interessante e, simultaneamente complexo, provocatório e belo. Esta é a importante mais valia desta exposição, o mostrar que é possível de arriscar esteticamente, ainda que não com soluções inteiramente novas, veja-se a excelente imagem de Marion Lefebvre existente do lado esquerdo, ao fundo da galeria.

Aceito perfeitamente a opção dos autores em não identificarem as imagens no espaço da exposição. Concordando ou não, é uma opção dos autores, a fim de sublinharem a ideia de colectivo e de uma expressividade comum. Ainda que registando momentos pessoais, por vezes como apontamentos fotográficos, o conjunto assume-se com uma linguagem comum a todos os autores, despido das regras clássicas e concedendo-lhe um olhar mais contemporâneo, sendo este também um aspecto interessante que podemos descortinar nesta exposição. Aliás, tirando a forma de trabalhar a côr, já atrás referida, é difícil identificar cada autor no conjunto das imagens expostas, sem recurso à maqueta disponível na galeria.

Já não posso aceitar a montagem anárquica e confusa da exposição, ainda que possa parecer óbvia aos fotógrafos. A arte contemporânea vive muito da interacção com o espectador e, na verdade, quem entra e sente a exposição num primeiro olhar, não deixa de se sentir confuso com a disposição das imagens. Pior do que isso só aqueles punaises a prender as imagens às paredes. Não esperava isso numa galeria, não via isso há muitos anos. Quanto ao catálogo, interessante sob o ponto de vista gráfico, deixa muito a desejar em termos de qualidade de impressão. 


2 comentários:

  1. a cena das "punaise", permitem pupar uns 2000€ de moldura, assim dizer..muito bem ou se calhar neo havia exposição..montagen "anárquica "..montagem que eu acho brilhante,qual tillman???,pois eu vi a expo..tão complexa que nehuma montagem linear podia aguentar..grande expo..uma da melhor da k..grande attitude deste espaço..que continua...enquanto a impressão do livro..claro que não esta perfeita...mais o alinhamento com os texto esta brolhiante...haja + guito...derá os Tugas fotografos fazer isto..e podem...então para mim parabens a este Odessa..e obrigado a kgaleria..que venha +...
    abraços fotograficos para todos.

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  2. Fiquei a saber que os "punaises" são tudo uma questão de poupança. É pena. Se ainda existissem motivos estéticos para isso... Também não é necessário recorrer à clássica moldura. A estética das imagens não suporta isso, mas há montagens sobre alumínio, pvc ou a baratinha kapaline. Há imagens sobre a parede ou distanciada dela, ainda que sem moldura. Quanto à montagem, ela é confusa e ainda que possa ter ritmo, não tem uma lógica de leitura compreensível. Também não sugeri que tivesse de ser linear. Afinal não há só duas formas de montar exposições, ou ao molho ou tudo em fila. Com aquelas imagens isso seria um absurdo. Para quem entra na galeria, não se sabe se o discurso fotográfico começa no lado direito ou no lado esquerdo e quando visualiza as imagens no seu conjunto todas interferem com todas, em grupos que, volto a escrever, podendo parecer lógicos para os autores, não o são para quem entra na galeria. Não tirando o mérito à exposição, que de resto é referido, não diminuindo o trabalho da galeria, que tem sido meritório na apresentação de novos olhares, é preciso que o espírito crítico não desapareça entrando em ondas da moda. Quanto aos "tugas fotógrafos" escritos em ar depreciativo, eles também são capazes de fazer isto, de fazer melhor e de fazer pior.

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