segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A história de tudo aquilo que é

exposições divulgação

A partir de 28 de Janeiro a FNAC-Colombo, em Lisboa, apresenta A história de tudo aquilo que é, de Maria-do-Mar Pedro Rego, menção honrosa do prémio Novo Talento FNAC, edição de 2010. Aqui apresentamos o conceito, definido pela autora, e que serviu de base ao seu trabalho. Acrescentamos ainda uma afirmação da autora, muito interessante e que justifica plenamente o seu trabalho fotográfico: “a minha forma de fotografar baseia-se em duas ideias: a convicção face aos objectos e a convicção da presença dos objectos”.

Apoiando-se neste título quase tese, este trabalho consiste num conjunto de estudos sobre a evidência dos objectos do meu universo familiar, extracções/registos do quotidiano. São objectos comuns, cuja singularidade reside na forma como estão dispostos no mundo mostrando-se através de um olhar melancólico mas solar. Quero com isto dizer que há um humor consciente (ainda que nem sempre patente) sobretudo no momento de justaposição das imagens, na formação de cada sequência.

Ao associar as imagens desta forma evoco vários agentes, que, a meu ver, são cruciais para lograr o efeito desejado. São as ideias de reconhecimento e de déjà vu. Reconhecimento, no sentido em que o espectador só pode descobrir aquilo que reconhece, através de um exercício de insistência (forçar-se a ver) e de inerente repetição. Porque as coisas numa primeira abordagem resistem-nos. E déjà vu, numa leitura médica do termo, como uma perturbação da memória de um indivíduo que dá a impressão súbita e intensa de já ter vivido no passado uma situação presente.

“A História de tudo aquilo que é” é composta por sequências de uma a quatro fotografias cuja ligação é, às vezes, invisível, formal, funcional ou poética. Imagens originalmente autónomas a que a convergência e ordem particular dotam de um certo grau de contaminação. Quando chegamos à última, a primeira já não é igual. É um trabalho em progresso, existindo desde 2009, contando actualmente com 15 sequências. Exercício à maneira de Hans-Peter Feldmann ou de Gerhard Richter, em alusão aos trabalhos de colecção de imagens e “Atlas”, respectivamente.

Ainda que todas as imagens façam parte do mesmo trabalho, cada sequência de imagens é independente, visto a ideia de ligação de cada uma destas ser distinta. Na sua forma ideal, este trabalho, no qual cada sequência de imagens é tratada de forma idêntica, prevê que quando se vê uma imagem não se pode aceder às outras da mesma sequência – esta é uma regra fundamental para manter o enigma e restituir o efeito de contaminação. Tratando-se de um trabalho em progresso periodicamente a série amplia-se com novas sequências.”

Maria-do-Mar Pedro Rêgo

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