segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Uma imagem, um autor - António Mil-Homens

Macau, para sempre.

Macau corre no meu corpo desde o primeiro contacto, visual e olfactivo.

É uma espécie de animal adormecido... mas pronto a saltar ao mínimo som, odor, imagem, associados à sua ambiência, às suas gentes, suas cores... ou ausência de cor. Por que Macau joga com o claro/escuro, o vermelho e o preto, o arco-íris e os cinzentos, a alegria e a serenidade, o drama por vezes e a paz.

É necessário esquecer as nossas fontes para melhor beber Macau. É imperativo esvaziar os pulmões para o respirar bem. Temos que fazer renascer a alma para o viver.

É preciso sair dos trilhos batidos para descobrir os seus caminhos. Temos que o aceitar para sermos aceites.

Convido-vos a olhar para o meu Macau. Simples, natural, fluído como as águas do Delta do Rio das Pérolas. Aparentemente nebulosas para o espírito ocidental. É uma outra cultura, uma outra maneira de viver e de sentir. Não a podemos avaliar e julgar à luz das nossas tradições e valores. É obrigatório respeitá-la. E assim amá-lo-emos!

Assim senti Macau.

Mas Macau está a mudar, a um ritmo imparável e vertiginoso.

Já sobram os dedos duma mão para contar os barbeiros que, em travessas ou becos, acolhem em suas cadeiras os clientes que, fielmente, os continuam a preferir aos salões de cabeleireiro unisexo que invadiram a cidade.

António Duarte Mil-Homens