segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Macau: sentir o património

Ainda no Museu do Oriente, em Lisboa, pode ver até 12 de Setembro Macau: sentir o património, de Carmo Correia, fotógrafa especializada em fotografia de viagem e que desde 2000 vive em Macau. Com esta exposição não se pretende efectuar um levantamento fotográfico exaustivo, ou meramente documental, do património macaense, mas apenas sublinhar detalhes, momentos e locais que atraíram a autora e a levaram a fotografar. Por isso se justifica que esta exposição seja um percurso de emoções e não o registo frio de todo o património desta nova parcela da China, que durante séculos foi portuguesa e que conserva o seu papel de espaço de convivência entre as culturas oriental e ocidental.

Diz-nos a autora que queria que as imagens “falassem por si” e daí a opção por uma velha máquina fotográfica, longe da modernidade digital, voltando assim a uma fotografia mais pensada. Na realidade isso é conseguido já que nas imagens transparece o sentir, marcado pelo enquadramento e pela impressão, onde está a marca da “velha” escola do AR.CO. Por outro lado, a opção da impressão das imagens sobre tela sublinha ainda a plasticidade das imagens e todo o ambiente que a imagem pretende transmitir (Seminário e Igreja de S. José II, 2007).

A exposição apresentada revela-nos também imagens pensadas e construídas, longe das imagens ligeiras de um qualquer viajante, num todo uniforme e coerente. Como aspecto positivo mais marcante, acresce ainda o facto de a autora conseguir efectuar o registo do património afastando-se do formalismo documental e fotojornalístico. É verdade que estéticamente as opções não são inovadoras, fazendo-nos recuar uns anos, mas também é verdade que conseguem atingir os objectivos a que a autora se propõe. Este conjunto de imagens é também um olhar de alguém seduzido pela beleza da vida e do movimento, o que nos sublinha o lado autoral desta exposição (Largo do Senado II, 2007; Ruínas de S. Paulo, 2007 e Largo do Senado I, 2007). Acompanha esta exposição um catálogo, que poderia ser mais trabalhado graficamente.

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