
O olhar sempre foi algo que atraíu os artistas. A preocupação com a expressividade ou não dos olhos foi motivo de caminhos distintos na pintura ou na escultura na Antiguidade clássica, veja-se como exemplo as pinturas nos sarcófagos egípcios ou a escultura da Grécia e da Roma antigas. Em épocas mais recentes, por exemplo na pintura renascentista, a importância do olhar assumiu-se como crucial na expressividade do artista, comportando-se como o espelho da alma do retratado. Igualmente importante na fotografia, Luís Duarte consegue dar-nos momentos de uma intensidade deslumbrante, onde os retratados parecem falar connosco.
Não tão bem conseguidas estão as paisagens e lugares citadinos que o fotógrafo captou. São imagens onde transparece algum formalismo, mesmo que recorrendo a alguns planos inclinados. São imagens datadas estéticamente, vistas nos trabalhos em preto e branco de alguns jovens fotógrafos de meados da década de noventa e que por vezes fazem lembrar alguma ingenuídade estética. No entanto, não deixa de ser interessante a presença de alguma ironia, como quando acontece serem colocados lado a lado uma bandeira turca (Sakkikent 08) e um semáforo (Nova Iorque 06) ou ainda a imagem do cartaz (Mostar 07).
Bem conseguida é a interpretação da luz, por vezes triste, usando um baixo contraste na impressão, que à primeira vista nos pode parecer uma impressão menos correcta, mas que de facto não é, assumindo-se também como uma componente das opções estéticas do autor.
De uma visão geral do trabalho transparece uma atitude de reflexão da imagem. É um autor que pensa a fotografia fugindo de atalhos fáceis. Por isso, usando uma frase do autor que diz que “de cada vez que partimos, voltamos diferentes...”, acreditamos que “após cada exposição somos fotógrafos diferentes...”
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