sábado, 4 de dezembro de 2010

Bienal de Vila Franca de Xira III

Até dia 12 de Dezembro está patente ao público mais uma edição da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira. Está este ano mais organizada, fruto de uma arquitectura interior que possibilita a presença de mais trabalhos, ainda que aparente o contrario, e uma melhor leitura das obras presentes. O único ponto negativo por parte da organização encontra-se na iluminação, com algumas obras a serem prejudicadas por não se situarem nas zonas onde estão localizados os projectores.

Ainda que as entidades presentes pudessem ir mais além nos trabalhos apresentados, a verdade é que continuam a ser o suporte criativo mais evidente desta Bienal. O retorno do seu investimento traduz-se normalmente numa questão de imagem. O facto de terem entre os seus colaboradores e alunos alguns bons valores facilmente lhes possibilita uma presença digna e criativa. O mesmo já não se pode dizer de muitos dos participantes que vêem na Bienal uma espécie de concurso. Daí se notar uma maior separação entre os trabalhos das entidades convidadas, onde existe um conceito a suportar os trabalhos, e a grande maioria dos concorrentes, onde as soluções dejá vu e são evidentes. Talvez seja a própria Bienal a necessitar de se definir ou de assumir uma atitude mais pedagógica. É inadmissível que num evento artístico que se pretende acima da media ainda se encontrem trabalhos emoldurados com vidros e platex presos com grampos, molduras cuja cor nada tem a ver com o trabalho ou pass-partouts de cartolina vulgar traçada a régua e esquadro. Noções de escala então nem se fala, e esta é uma Bienal onde não se colocam (e bem) entraves artísticos aos autores. Apesar de alguns bons trabalhos foi uma Bienal que não primou pela inovação e que continua afastada do panorama do trabalho das galerias.

Ainda assim é interessante a Leziria de Bruno Mendes (prémio Concelho Vila Franca de Xira), ou o trabalho sem titulo de Ana Gandun (menção honrosa), integrado na sua série do outro lado do espelho, ambos a mostrarem um trabalho pensado, ainda que não totalmente inovador. De referir ainda os trabalhos de Rosa Nunes, interessante mas a necessitar de uma maior reflexão, maturidade e selecção, Eduardo Ribeiro cujos trabalhos poderiam ganhar noutra escala e de Manuel Sousa, este com três excelentes soluções (Ângela and Florenta, Suzana and Joana e Inga and Daryna) e depois a acabar a série com três trabalhos que nada tem a ver com estes, parecendo que apenas foram ali colocados para preencher os seis pedidos pela organização. Há também que destacar a execução técnica do trabalho de Rui Morais e Sousa, muito centrado no objecto urbano e a originalidade e o sentido estético de Jorge Maia com Visions, que estabelece uma relação entre a imagem e o objecto de apresentação dessa mesma imagem.

1 comentário:

  1. Tenho pena que não tenhas notado a presença do Ruin'Arte, uma vez que foi um projecto convidado pelo teor pedagógico e artístico...mas ainda vais a tempo e até dia 12...

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