quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Poema Habitado

exposições divulgação

Até 25 de Março, pode ver Poema Habitado de Suzana Cruz, na Imagerie – Casa de Imagens. Suzana Cruz, licenciada em fotografia e Cultura Visual pelo IADE, apresenta-nos um conjunto de imagens, um “poema habitado” constituído por espaços, ocultos, constituídos por reflexos e realidades, que fazem desabrochar alguns dos nossos lugares íntimos.

Diz-nos a autora que “se fechar os olhos visualizo a imagem de um mundo contemporâneo inquieto. Recordo-me das constantes saídas do metro, onde pessoas tão diferentes e socialmente distantes correm apressadas para os seus destinos. Os seus pés envolvem-se numa velocidade descontrolada que creio nem os seus próprios cérebros controlarem. Os seus calçados a tocarem fortemente no solo criaram-se imutáveis no meu quotidiano. Reflito, muitas vezes, no que faz com que as pessoas andem tão depressa. Dar-se-ão conta como correm? Do pouco tempo que têm para contemplar?”

E mais adiante continua a autora: “Tento criar na fotografia personagens femininas como fariam Virginia Woolf ou Jane Austen na literatura. Inspiro-me em mulheres fictícias, de Ofélia de Shakespeare a Lídia de Fernando Pessoa, de Vênus de Milo de Alexandros de Antióquia às Vênus de Sandro Botticelli, de Psique de François Gérard às Hespérides de Frederic Leighton. Um misto de literatura, pintura e escultura invade o meu universo. Quero-as intemporais, como se parasse o tempo e o espaço “numa existência honesta, de cristal” (Cesário Verde, A Débil). Faço habitar em breves poemas visuais. Os vestidos brancos opõem-se à evolução contemporânea ajudando a intemporalidade da imagem. São também a memória das coisas simples que não se manifestam porque não temos tempo para elas, como a já referida, contemplação, tão efémera hoje em dia.

Utilizo o vidro que reflete a única realidade que não controlo, a natureza.Visualmente recorri ao Impressionismo, pois nesta fase o que interessava era pintar os efeitos da luz, utilizando pinceladas rápidas. Também eu me permiti utilizar a luz natural para refletir a natureza nas mulheres vestidas de branco, com disparos instantaneamente rápidos. Por vezes, deixo a chuva cobrir o vidro para que ao fotografar crie um efeito de pincelada, muito semelhante ao impressionismo. Assim, assumo a Arte Antiga como um campo infinitamente rico de inspiração. Também a utilização de modelo proporciona esta aproximação ao Impressionismo. Ora fotografo simples gestos de delicadeza no quotidiano de uma mulher, ora movimentos como os leves passos da bailarina Isadora Ducan, sempre com um sentido romântico e sentimentalista na minha imagem mental. São situações familiares do universo autêntico e pictórico feminino.”

Sem comentários:

Enviar um comentário

Todos os comentários serão previamente aprovados pelo autor do blog.