terça-feira, 29 de junho de 2010

A Merceana de Zé Abreu

Nos arredores de Lisboa, em Aldeia Galega, perto de Merceana, Torres Vedras, está patente uma interessante exposição, não de fotografia, mas de fotografias. Na realidade não se trata de uma exposição de fotografia no sentido em que costumamos aqui abordar, nem é essa a intenção, mas de uma homenagem a um Homem, de todos conhecido por Zé Abreu, que recria os ambientes locais das décadas de sessenta e setenta do século XX, e onde são apresentadas diversas imagens fotográficas a par com máquinas fotográficas, com os móveis e objectos da farmácia ou da mercearia local. Se esta mostra tem lugar aqui, neste blog, é porque se trata de um fotógrafo, amador, com um interessante olhar cinematográfico. O seu olhar é fortemente influenciado pelo cinema, que também fez, pelos planos procurados e pela composição. Os seus melhores trabalhos retratam grupos, em jeito de reportagem, onde se assiste a uma interacção com os retratados. São olhares e ambientes excelentemente captados, sejam na mercearia, nas procissões, onde ressaltam alguns enquadramentos pouco comuns na fotografia portuguesa da época, sejam nos grupos de lavadeiras. Menos interessantes são os retratos individuais ou as imagens de paisagem, onde se nota um classicismo castrador proveniente de outras áreas artísticas.

Autodidacta, o Zé Abreu da Merceana, é um fotógrafo que vale a pena mostrar e preservar, talvez pela Câmara local, talvez pelo Centro Português de Fotografia, já que é essa a sua função. Num momento em que cada vez mais instituições olham para as imagens do passado com o reconhecimento de um valor documental indiscutível, esta apresentação, que relembra do passado local, deveu-se à vontade e persistência de Georges Steyt e de Salomé Abreu. Um belo texto acompanha a mostra conjugando-se com a saudade de tempos passados em “espaços marcados pelo bulício das feiras e pela lembrança das grandes lojas, onde se gastava a “féria” para o “avio” da semana ou do mês e se compravam os “enxovais” para casamentos e baptizados, e aos saberes já quase esquecidos dos tanoeiros, ferreiros ou ferradores e outras profissões perdidas na rua das Olarias com histórias de outras eras”. Até 11 de Julho.

2 comentários:

  1. Desculpe,mas, embora completamente enviesado em relação ao artigo em causa,gostava de saber, porque é que Pulo Nozolino não aparece na vossa secção de FOTÓGRAFOS?
    E já agora qual a posição da A.P.A.F.,em relação ao que aconteceu,cito o "prémio", por este recusado.... Luis Reis

    ResponderEliminar
  2. Está a ser preparado um artigo sobre o assunto. Sabemos que muito já foi escrito, mas preferimos recolher mais informações sobre o assunto antes de nos pronunciarmos.

    Quanto ao nome do Paulo Nozolino não aparecer na secção dos fotógrafos não se trata de nenhuma desconsideração, mas apenas o facto de não termos um site oficial.

    ResponderEliminar

Todos os comentários serão previamente aprovados pelo autor do blog.