sábado, 15 de agosto de 2009

World Press Photo em Ponta Delgada

Do muito bom ao mau, assim poderia ser o título da exposição da World Press Photo 09, em Ponta Delgada. É verdade que sou daqueles que entre o não haver exposição, por falta de condições, económicas ou outras e a exposição ser apresentada, ainda que com menos condições, claramente opto pela segunda hipótese. Mas isso não evita que se façam alguns reparos, que podem ser pedagógicos. Ainda assim, convém não esquecer que tal opção limita os horizontes. Os fotógrafos que vêem esta exposição tem referências estéticas que não são reais, porque o panorama fotográfico está muito para além desses limites.

Vem isto a propósito da exposição da World Press Photo, já aqui referida neste blog  desenhoscomluz-apaf.blogspot.com/2009/07/world-press-photo.html. É que a exposição em Lisboa, no Museu da Electricidade, estava extraordináriamente bem montada. Bem sei que estas exposições são “enlatados” que circulam e nós só temos aquilo que pagamos. Mas, depois de ver a exposição em Lisboa, sai do Teatro Micaelense com um misto de tristeza, porque a exposição perdeu grande parte da sua beleza, e de revolta, porque os fotógrafos açorianos não puderam vislumbrar a força e a modernidade das imagens. Porquê? Em primeiro lugar porque se optou por expôr muito mais imagens que em Lisboa, mas em contrapartida muito mais pequenas e com uma montagem que mais parece o resultado de um qualquer concurso de fotografia de vão de escada, do que de uma grande exposição internacional.

Primeiro há que saber escolher, e quem o fez parece-me tê-lo feito na mais completa ignorância estética ou então condicionado por questões exteriores à fotografia. Depois, não basta o Teatro Micaelense disponibilizar as paredes, há que preparar o espaço. Um arquitecto de interiores teria solucionado as necessidades de criar ritmo na exposição e de nunca se montarem as imagens todas em linha, seguidinhas, bem juntinhas tipo puzzle. Aliás, o que mais valoriza a exposição, a modernidade estética de algumas imagens foi completamente destruído pela escala, demasiado pequena, e pela montagem, com imagens encostadas umas às outras, quando elas deveriam ser lidas isoladamente.  Não me venham dizer que a montagem até foi da responsabilidade da WPP porque há sempre comissários locais, coisa que não vi na ficha técnica. Fotógrafos como Brenda Ann Kanneally, Yasuyoshi Chiba, Kevin Freyer ou Carlo Gianferro, entre outros, viram os seus trabalhos prejudicados, mas pior do que isso, os fotógrafos açorianos não viram as iamgens que mereciam ver e que, por vezes, é o click estético que falta ou que ajuda num percurso. Vamos ver se na próxima edição alguém pensa a sério nesta exposição e não aguarda passivamente que as fotografias sejam penduradas nas paredes.

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