sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cores das Nossas Memórias

No Governo Civil de Lisboa está patente a exposição Cores das Nossas Memórias, de Luis Pavão. O tema não é novo – as lojas da baixa lisboeta, mas é a primeira vez que o vejo bem fotografado. Na realidade se existe algo que transpira de todas as imagens é o extraordinário domínio técnico do fotógrafo, sustentado não apenas nos muitos anos de experiência, mas também e principalmente, no conhecimento técnico. O controle rigoroso da temperatura de cor alia-se neste trabalho a uma estética formal, mas por isso provocadora, que usa a cor de uma forma moderna e com toque de naturalidade cinematográfica.

Apesar de identificada no exterior do edifício, quando transpomos a porta do Governo Civil somos informados da localização das contra-ordenações. Na dúvida, subimos a escada e deparamo-nos com a secção de passaportes. Um olhar para o lado contrário e sabemos que é ali que se situa o gabinete de secretariado e do Governador Civil. Só por acaso, descobrimos o local da exposição quando vislumbramos algumas molduras. Não faria mal a existência de um qualquer cartaz ou placa a indicar a exposição.

Apesar da exiguidade do espaço, a dimensão das imagens e, especialmente, a sua distribuição, permite uma leitura que leva o visitante a não achar poucas as imagens presentes. Ao mesmo tempo há um aproveitamento inteligente da luz natural que valoriza muito a ambiência da sala. Uma palavra positiva também para o cuidado posto na montagem das fotografias nas molduras, evitando o contacto directo entre o papel e o vidro. Estes cuidados só são prejudicados pela falta de algumas das legendas, sinónimo de que caíram e que não houve o cuidado de fazer alguma manutenção da exposição.

É, pois, uma exposição fácil de ver pela sua dimensão, mas necessária sempre que precisamos de limpar o espírito e ver imagens bem executadas tecnicamente e dotadas de uma estética onde a paixão do fotografo está presente. Ao mesmo tempo lembra-nos uma cidade humanizada que aos poucos desaparece ou se esconde atrás da omnipresente modernidade. É o coração de uma cidade pela qual, há muito, Luis Pavão se apaixonou e que ela retribui dando-lhe momentos espantosos e irrepetíveis. Fica no centro da cidade, não há desculpa para não ir ver.

2 comentários:

  1. Ao contrário de outras críticas, esta não me desperta muito o interesse pela exposição.

    Peço desculpa.

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  2. Como gosta de fotografia decidi fazer-lhe um desafio...
    Espero que aceite!

    Felizmente que não é só nas grandes cidades que se nota, nos últimos tempos outra dinâmica, uma outra forma de fazer cultura.
    Desta vez será em ALPIARÇA, na sua Biblioteca Municipal.

    Vou montar outra exposição de fotografia.
    A exposição procura divulgar o que vivenciei pelos caminhos da Índia. Tendo como ponto de partida a fotografia, faço uma reflexão através do tempo sobre imagens que descrevem a solidão dos povos e o significado do seu sofrimento bem como da sua alegria envolvida pela pobreza de géneros necessários à sua sobrevivência, a par da solidariedade e esperança de uma justiça digna.

    Aos poucos vou conseguindo aquilo que quero, ou seja, esta EXPOSIÇÃO está aberta aos sábados de tarde, para proporcionar às pessoas que trabalham a oportunidade de a visitar numa tarde de sábado.

    Fica o convite para a inauguração no próximo sábado (amanhã), dia 21 de Novembro, pelas 14h 30m.

    Conto com o apoio de todos os que me têm acompanhado ao longo deste tempo, na blogosfera.

    As suas fotos estão excelentes.

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