terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Jesus Never Fails


Imagine um dia de sol, agradável, com uma temperatura adequada e imagine-se a passear à beira do rio Tejo. Pare ali pelas bandas do Museu da Electricidade, a velha Central Tejo, entre e aproveite para ver uma boa exposição de fotografia, um excelente complemento do seu passeio. 

Está presente no Museu da Electricidade, até meados de Março, Jesus Never Fails de António Júlio Duarte. O primeiro impacto que sentimos é o de uma exposição bem apresentada e com imagens bem distribuídas no espaço. As imagens vivem nos espaços adequados, constituindo um exemplo de como se monta bem uma exposição. Não é uma montagem dotada de espectacularidade, mas é limpa e esteticamente adequada às imagens. Acresce ainda o facto de a exposição abrir com uma cuidada ficha técnica, algo que tão raramente vemos em muitas exposições. Há imagens que funcionam sózinhas de forma soberba e há imagens que só se adequam pela leitura de um conjunto. Tudo isto a demonstrar uma sensibilidade evidente. Aquela sequência de três imagens na parede da esquerda, logo à entrada da exposição, só resultam assim e ali. A imagem isolada logo à esquerda na entrada da segunda sala resulta de forma extraordinária naquela vastidão de parede branca. E isso são pequenas grandes coisas que constituem o todo de uma exposição. O mesmo acontece com a distribuição das imagens, com sequências onde predomina a linguagem urbana, a fusão dos espaços verdes com pessoas e objectos ou, noutra ainda, onde predomina a luz artificial, os tons tristes e onde o menos bonito se transforma em algo de belo. Sublinhe-se, na segunda sala, a grande sensibilidade (e simplicidade) demonstrada pela imagem dos pássaros sobre os vagões, ou o lado humano da escola feminina ou das crianças que brincam. Juntemos a isto o formato e a dimensão adequada para a linguagem estética assumida.

Como João Pinharanda escreve "o mais importante deste trabalho de António Júlio Duarte é obrigar-nos a olhar para imagens onde não reconhecemos a tranquila ilustração do já conhecido". Na realidade aquela não é a Índia, e particularmente Goa, do bilhete postal. É a Índia de António Júlio Duarte, sentida, já longe de Oriente - Ocidente, produzida há alguns anos atrás e apresentada nos Encontros de Coimbra. Já longe, porque mais madura e evoluída esteticamente, mas que tem a ver com o sentir do fotógrafo. Vê-se que ali há paixão e comprometimento por parte do fotógrafo. É por isso que António Júlio Duarte consegue transmitir-nos a ambiência dos locais, deixando-nos margem para divagarmos pelos nossos sonhos, sendo disso exemplo aquele interior logo a abrir a exposição, que nos transporta aos clubes privados dos tempos coloniais, ou aquela vigia que se encontra isolada na parede do lado esquerdo da segunda sala. Só fotografa assim um fotógrafo que se isola no seu mundo, que se apaixona pelos objectos e pessoas que o rodeiam e que sente a magia do local, transmitindo-nos, com isso, o sublime e a sua experiência pessoal. Vale a pena ir passear à beira rio e entrar no Museu da Electricidade para ver Jesus Never Fails.   

2 comentários:

  1. é uma excelente exposição. tive oportunidade de vê-la quando fui a lisboa e ácho que vale a pena. é também bom ver que se podem aqui ler criticas a exposições. pena é que não falem de mais exposições e também fora de lisboa.

    antónio maria
    aveiro

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  2. so digo que o António Júlio está de parabéns e que o sitio é lindo

    abelha maia

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