quinta-feira, 28 de julho de 2011

Avenida de Roma - fotografias 1930-2011


exposições crítica

No Arquivo Fotográfico de Lisboa, até 2 de setembro, pode ver Avenida de Roma – fotografias 1930-2011, um retrato de uma das mais emblemáticas artérias de Lisboa, cujo bairro em que se insere, o de Alvalade, é consequência do Plano Geral de Urbanização e Expansão de Lisboa de 1938. Este plano, integrou na vida da cidade um conjunto de zonas de carácter rural, como Alvalade, o Campo Grande ou o Lumiar, conferindo-lhes passeios largos, zonas verdes, espaços comuns, muito em consequência da facilidade negocial decorrente das características rurais desses espaços.

É interessante como as fotografias apresentadas nos conseguem transmitir uma marca da época, o facto de se ter conseguido conciliar a inovação urbanística com a utilização de novos métodos de construção em larga escala. Conseguem igualmente ser uma saudação à “Lisboa nova e moderna” que o jornal A Acção, referia em 1941. É por isso, uma boa selecção a que foi feita a partir do espólio do Arquivo fotográfico, com imagens que vão desde a década de 40 do século XX até à década de 70 do mesmo período, com nomes incontornáveis da fotografia portuguesa como Mário de Oliveira, com imagens de excelente execução técnica, António Passaporte, com fotografias de Lisboa como só ele a sentia, Claudino Madeira, Salvador de Almeida Fernandes, Horácio Novais, um dos grandes fotógrafos documentalistas da época, Armando Serôdio, Ferreira da Cunha, ou Artur Pastor, um fotógrafo infelizmente muito pouco lembrado, que ali está representado por duas imagens, uma delas com uma luz fantástica e que nos mostra a ínfima dimensão de um sinaleiro comandando o trânsito.

Fazendo parte deste registo da História e das histórias da avenida encontram-se também as imagens de Luis Pavão, executadas em 2011. Para além da irrepreensível execução técnica, algo que já é comum nas suas imagens, para além de uma estética assumidamente formal, existe um aspecto que ressalta da exposição: a excelente integração das imagens a côr, feitas em 2011, com as imagens das décadas de trinta a setenta do século XX. Mais, a forma como a exposição está montada, ainda que clássica, origina um ritmo que se torna interessante para o visitante. O único senão é talvez o abuso das situações de arquitetura em detrimento de situações mais íntimas, como os cafés ou lojas, se calhar menos presentes no espólio do Arquivo, sendo por isso de destacar a importância mais sociológica que fotográfica, das imagens dos vendedores de gravatas ou da vendedora de chapéus.

Por último, uma referência a Luisa Costa Dias. A exposição é-lhe dedicada e não poderia ser mais merecida. Foi a grande alma daquele Arquivo e era importante não a esquecer.

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