sábado, 25 de julho de 2009

Estranhos

Recorrendo a cenários da sua vida quotidiana Juan Manuel Castro Prieto apresenta-nos Estranhos, na Kgaleria, em Lisboa. O fotógrafo, nascido em Espanha em 1958, é membro da agência VU, tendo a sua obra exposta já em diversos países e publicada em inúmeros jornais, revistas e livros, para além de integrar diversas colecções. Ainda que aqui, na Kgaleria, nos apresente apenas trabalhos em preto e branco a verdade é que a plasticidade dos seus trabalhos atinge o seu esplendor na côr, um caminho mais recente do autor, onde conjuga a côr com uma harmonia compositiva muito interessante, baseada na delicadeza de tonalidades, daqui ressaltando momentos de subtileza e sensibilidade presentes na imagem final.

Nas imagens expostas em Lisboa transparece um tom péssimista, onde a interpretação pessoal dos espaços e pessoas é o elemento mais marcante. São também imagens que nos fazem hesitar em saber se estamos a encarar um sonho ou a realidade, pelo uso da luz, pela impressão ou pelo recurso a ferramentas de ordem técnica. Um elemento marcante neste conjunto de imagens é o extraordinário uso da luz, que de resto, diga-se, é acompanhado por uma excelente impressão. Tais opções estéticas não são de estranhar, já que o trabalho em preto e branco de Prieto é muito marcado pelo facto de no início da sua carreira ter feito o trabalho de revelação e impressão laboratorial de fotógrafos como Chema Madoz e Cristina Garcia Rodero.

Talvez para o grande público esta não seja das mais espectaculares exposições que a Kgaleria nos apresentou nos últimos tempos. Mas Juan Prieto merece a atenção do nosso olhar e esta exposição não deixa de nos refrescar a visão, necessária e fundamental para continuarmos a gostar de fotografia. Por isso dê um salto até à Kgaleria, até dia 31.

1 comentário:

  1. Tive a oportunidade e o prazer de visitar esta exposição. Não posso deixar de apontar que este post, além da divulgação, existe uma tentativa de desculpabilização, primeiro porque é a preto e branco e não usar o "esplendor" plástico da cor na obra de JMC Prieto; segundo altertando o grande público para a aparente não "espetacularidade". Esta exposição não precisa de paliativos; vale-se por si própria; substitui a espetacularidade por uma calma onírica; tornou-se uma bela surpresa e é, sem dúvida, uma das exposições mais interessantes a que fui.

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