segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Searching


Está patente no lindíssimo espaço da Academia das Artes, em Ponta Delgada, a exposição Searching de José Luis Santos. Pena que a exposição não esteja à altura do espaço que ocupa. Poderíamos discutir as imagens, cada uma com uma dimensão diferente, coladas nas paredes como há muitos anos não se vê numa exposição, em filas de imagens monótonas, descoladas e onduladas devido à humidade, contribuindo para nos sentirmos perdidos num labirinto de imagens. Muito menos imagens mas melhor apresentadas, seria a receita para esta exposição. Mesmo com o argumento de que não se quer optar pela clássica moldura, e as imagens podem esteticamente justificá-lo, há outras formas de se apresentarem as imagens com a dignidade que uma exposição (e o público) merece. De resto, o mesmo acontece Do amor e do Ódio, do mesmo autor, presente no Museu Municipal da Ribeira Grande.

Se é certo que vistas isoladamente algumas imagens possuem caminhos estéticos que poderiam ser interessantes, demonstrando que o autor está atento aos trabalhos de outros fotógrafos, podendo enquanto artista assumir uma estética de negros pesados com relevo para as baixas luzes, também é certo que pelo meio aparecem imagens com uma estética próxima dos clubes de fotografia dos anos setenta e oitenta. É nesta incoerência que a exposição perde força e se torna confusa, submergindo algumas imagens muito interessantes sob o ponto de vista estético (Madrid - Espanha 2007, Linha do Norte 2008, Silhueta - S. João de Tarouca 2007 ou Confissão - Coimbra 2008). Aliás, a péssima montagem vai ao ponto de que se quisermos identificar uma imagem temos de a contar a partir de um dos extremos da parede, esperando acertar. 

Ainda com o contra de se misturar o preto e branco com a côr, salva-se a interpretação pessoal do autor, sentida, dos espaços, dos afectos e das pessoas retratadas. Este é talvez um dos pontos mais positivos da exposição, beneficiando muito do preto e branco e das opções técnicas e estéticas inerentes àquela forma de fotografar em preto e branco. Aliás, essas opções estão em consonância com os sentimentos que o autor sente e expressa e onde se nota a influência dos trabalhos de Paulo Nozolino (Penumbra 1996 e especialmente Tuga 1997), ainda que não obtenha a próximidade e a envolvência que este consegue. 


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