segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

She Is a Femme Fatale


Até 31 de Janeiro está patente no Museu Colecção Berardo, em Lisboa, a exposição She Is a Femme Fatale, uma mostra que não se resume à fotografia mas que, além desta, inclui escultura, colegem, vídeo e instalação.

Em primeiro lugar uma palavra de apreço para o trabalho dos curadores Ana Rito e Hugo Barata. Na realidade, toda a concepção espacial e visual da exposição sublinha quer as características técnicas e estéticas dos trabalhos presentes, quer uma leitura intimista dos mesmos. À entrada somos recebidos por uma imagem extraordinária de Pilar Albarracín (Torera 2009) que nos marca nas leituras seguintes. Já aqui temos falado da importância de uma iluminação cuidada e exemplo disso é a imagem de Nan Goldin (Jimmy Paulette and Taboo Undressing NYC 1991) que, conjuntamente com a pintura escolhida para a parede, destaca a imagem exposta. A ideia espacial de casa que os comissários pretenderam dar, com os multiplos espaços que nos surgem, com a cor, com os espaços mais ou menos fechados, valoriza os trabalhos, evitando conflitos entre eles, devido à variedade de origens e de autoras. É um exemplo de um trabalho de comissariado cuidado e valorizador, de quem compreende o trabalho de cada artista. É ainda este trabalho de uso do espaço e da iluminação que destaca a excelente qualidade de impressão laboratorial de algumas das imagens presentes, referindo-se neste caso particular as imagens de Cindy Sherman.

Mas o percurso por esta exposição, estruturada não com base numa cronologia temporal, mas apenas numa ideia de casa, onde cada autora “ocupa uma divisão”, faz-nos reparar em Helena Almeida com um toque de surrealismo (Estudo para dois Espaços 1977), em Aino Kannisto, com imagens de um quotidiano encenado, talvez por isso formal e esteticamente provocatórias e modernas, nas imagens intimistas de Manuela Marques, ou nas histórias de objectos contadas por Margarida Correia. Destaque também para os trabalhos de Shirin Neshat (sem título – Zarin Séries 2005 e Malik – Zarin Séries 2005), belos na escala cromática usada, esteticamente adequados na dimensão, plenos de sensibilidade.

Uma última palavra para a Colecção, uma colecção que nos permite conviver com os principais movimentos artísticos do século XX. Não se pense que os turistas que nos visitam só vêem para ver os Jerónimos, o Castelo de S. Jorge ou comer pastéis de Belém. Não duvidamos do valor das nossas belezas históricas e paisagísticas, mas alegra-nos ver turistas a visitarem esta exposição. É que a importância cultural de um país também se mede pelas suas exposições e por isso, também gostei de ver que esta exposição foi apoiada pelo Turismo de Portugal.

6 comentários:

  1. Passei p'ra conferir a qualidade do blog


    BOM ANO !!!!

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  2. Sobre "KORDA ", NICLES ??? Não houve tempo?Pois,
    percebo, um:comunista!!!!né?BOM BLOGUE...

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  3. Gostei da vossa abordagem á exposiçâo retrospectiva de "KORDA, CONHECIDO"!!!
    Que maravilha,mais uma vez esta escola "mostra
    todo o seu virtuosismo, sectário do seu actor"!!!

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  4. FOTOGRAFIA COM VOCÊS? LIBERTEM-ME DE ISTO....

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  5. Por hábito não respondemos aos posts publicados. No entanto, porque já é a segunda vez que este comentário é publicado, Esclarecemos que não escolhemos exposições em função das ideias políticas, ou outras, de cada fotógrafo, e nem sequer admitimos que a APAF seja conotada com este tipo de selectividade. O critério de escolha é nosso e é limitado pelo tempo e pelo interesse artístico e pedagógico da exposição, nada tendo a ver com a identificação política do autor. A exposição de Alberto Korda na Coordoaria Nacional, em Lisboa, já foi vista, tem já um artigo escrito e será publicada quando a redacção entender por conveniente.

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