quinta-feira, 14 de maio de 2009

Uma questão de cultura

A cultura tem de ser assumida como pilar de um desenvolvimento integral e sustentado do país, o que implica uma orientação política clara e com objectivos perfeitamente definidos, com isso optando por uma definição sobre os modelos de gestão a implementar, os meios necessários e os públicos a atingir. Vem isto a propósito de um excelente artigo, publicado no jornal Público, onde um conjunto de personalidades ligado à cultura manifesta o seu incómodo perante a inépcia, a burocracia ou simplesmente a desorçamentação a que o sector está votado.

Vivemos hoje num mundo extremamente competitivo onde a qualificação profissional, a educação e a cultura são investimentos fundamentais. Os portugueses só terão melhores salários e poderão fazer com que o seu nível de vida se aproxime dos padrões europeus se cada um, em conjunto com os poderes públicos, olharem para a cultura como um investimento de médio prazo. Um trabalhador com formação académica e cultural será sempre um trabalhador mais produtivo e mais bem remunerado que outro que não a possua. Por outro lado, há que exigir do Estado políticas culturais com continuidade e vividas pela sociedade civil, políticas essas que devem constituir a emergência de uma articulação entre os vários serviços estatais.  Por isso apoio o “magalhães”, por isso entendo “as novas oportunidades” como louváveis, mesmo com todas as limitações que lhe são inerentes. Para que exista consumo cultural há que criar condições. Há que pensar cada vez mais na profissionalização das actividades culturais, com todas as consequências económicas que daí advêm, ainda para mais tendo em conta que são as iniciativas de carácter pontual que, pela sua frequência e dimensão, permitem a invisivel formação de técnicos e programadores culturais. Não nos esqueçamos de que a cultura é vista por muitos países como uma opção estratégica onde a política externa no plano cultural tem um valor económico e político de relevo.  Exemplo disso foi a predominância da lingua francesa em determinado momento histórico, e da lingua inglesa, hoje.

Tudo isto a propóstito de cultura e... naturalmente, de fotografia, um sector onde cada vez mais são atropelados os mais elementares direitos de autor, incluindo por entidades ligadas ao Estado, uma área ignorada quando se fala da extensão do período de vigência dos direitos de autor dos artistas, uma actividade onde o ensino artístico corre ao sabor das boas vontades, onde os departamentos estatais a ela ligados afogam os projectos em burocracia, quando não há muito que se demitiram de estimular o aparecimento de novos valores ou têm um percurso de iniciativas errático e incoerente. Afinal, uma questão de cultura.

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