
Veres é o nome da exposição de fotografia patente no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, da autoria de António Ferreira Pacheco. Trata-se, como o catálogo indica, de uma exposição participante na organização sistemática de acervos fotográficos dos Açores, embrião de um Arquivo Regional de Fotografia.
Quando se entra na sala sentem-se, de imediato, duas sensações:- a organização e o excesso. A organização, porque toda a sala apresenta com dignidade as imagens, onde uma ficha técnica cuidada nos informa de quem interveio na exposição. O excesso, porque são demasiadas imagens para aquele espaço, onde a visualização de cada imagem colide com a que lhe está imediatamente ao lado. As imagens não respiram o suficiente, acabando por ser prejudicadas na sua fruição. O branco profundo da sala e a regularidade na colocação dos quadros, sem ritmo, prejudicam também a exposição. Neste aspecto, algumas das imagens ganhariam com outra escala (sem título - Ilha de S. Miguel 2008/catálogo 14 ou Tamara - Ilha Terceira 2002) onde uma grande dimensão (p. ex. 70x100) nos faria abordar as imagens com uma envolvência quase esotérica dando outra força e outro ritmo à exposição. Menos imagens, algumas noutra escala e teríamos uma outra exposição que, eventualmente, poderia saltar para uma galeria de arte. Também a evitar a mistura do preto e branco com a côr, já que uma exposição é não é apenas um somatório de imagens, mas antes uma forma específica de apresentar um projecto, logo incompatível com a convivência de duas abordagens diferentes no mesmo espaço. É especialmente aqui que se nota que o projecto ganharia, ou eventualmente seria outro, se beneficiasse de um maior acompanhamento artístico.
Quanto ás imagens, todas elas bastante bem impressas, o autor oscila entre a imagem predominantemente de autor, sentida (Tamara - Ilha Terceira 2002) e a imagem de cariz turístico (Sem título - Ilha de S. Miguel 2008/catálogo 22) , por sua vez incompatíveis numa galeria com a imagem mais básica dos pormenores dos barcos. Melhor seria a separação do conjunto em dois núcleos distintos, sendo que a apresentação em galeria merece um claro predomínio do primeiro género. De qualquer das formas há que realçar em algumas imagens o silêncio e a tranquilidade que se respira, fruto de um olhar mais sentido e cuidado (Abraço - Ilha de S. Miguel 2007 ou Sem título - Ilha de S. Miguel 2006/catálogo 16), ou caminhos estéticos mais arrojados e que mereciam ser mais explorados (Sem título - Ilha de S. Miguel 2007/catálogo 3).
Sem comentários:
Enviar um comentário
Todos os comentários serão previamente aprovados pelo autor do blog.