sábado, 17 de dezembro de 2011

Aparições - a Fotografia de Gérard Castello-Lopes 1956-2006

exposições crítica

Aparições – A Fotografia de Gérard Castello-Lopes 1956-2006 é uma mostra retrospectiva do trabalho de Gérad Castello-Lopes, presente no Espaço BES-Arte e Finança, em Lisboa, ao Marquês de Pombal. Patente desde setembro passado, a exposição irá manter-se até 12 de janeiro, sendo uma mostra imprescindível para compreender o trabalho deste fotógrafo.

Ali estão as grandes imagens e os momentos de paixão de Gérard Castello-Lopes, plasmadas em provas bem impressas, em imagens cuja ambiência é irrepetível. Junto com algumas lições, disso sendo exemplo a imagem da “pedra suspensa” em várias dimensões (Portugal 1987), numa excelente lição do uso da escala. Ali também encontramos soberbas imagens da ambiência de Paris, que em nada ficam atrás de Doisneau ou Bresson (021 ou 022 em 1957), ou que retratam plenamente essa paixão de Gérad pela cidade luz (126 em 1985). Mas também ali encontramos algumas imagens inéditas, ou menos conhecidas, que nos mostram o retrato de um país nos anos cinquenta e sessenta, muito vincadas nas gentes e no trabalho. A exposição, que cobre toda a carreira de Gérard, desde as suas primeiras imagens em 1956 até às últimas em 2006, é deliberadamente não cronológica segundo o comissariado, a fim de destruir a ideia de se dividir a carreira do fotógrafo em duas fases distintas, ao mesmo tempo que assume a mistura de provas vintage com outras recentes.

Gérard Castello-Lopes fez parte de um grupo de fotógrafos que tentou renovar a fotografia portuguesa nas décadas de cinquenta e sessenta, e do qual faziam parte nomes como Sena da Silva, Vitor Palla, Carlos Afonso Dias, entre outros. Na sua maior parte, só na década de oitenta, viram reconhecido o valor da sua obra, mediante as apresentações feitas na saudosa “Ether – vale tudo menos tirar olhos”, a pequena galeria da Rodrigo da Fonseca, em Lisboa. De Gérard ficam-nos na memória dois catálogos: Portugal 1890-1990 e Reflections, este com organização de Amanda Hopkinson e difícil de encontrar hoje. Fica também uma abertura e uma colaboração que me marcou, quando da sua participação na Bienal de Cascais, em 2000, onde esteve presente com algumas das suas obras mais significativas, e fica, claro, a grande exposição Oui/Non, realizada em Lisboa, no centro Cultural de Belém.

Destaque ainda, nesta mostra, organizada tematicamente, para a difícil conjugação de imagens tão diferenciadas, numa exposição bem montada onde não falta a indicação do início da exposição (coisa rara). Isto apesar da diversidade de abordagens, dimensões, épocas e impressões, para além de objetos de uso pessoal, como máquinas, livros, discos, provas ou outros, que são igualmente objetos de paixão aliados aos momentos fotográficos. Por isso também uma referência para o trabalho de Jorge Calado, que concebeu e comissariou esta mostra de Gérard, uma merecida e justa lembrança de um grande fotógrafo, exemplo para quem chega de novo á fotografia.

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