quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O vinho do Porto

exposições divulgação

Até dia 18 ainda pode ver no Centro Português de Fotografia, no Porto, a exposição O Vinho do Porto, de José Miguel Ferreira.

Como muitos portugueses, o autor destas fotografias, José Miguel Ferreira, tem vivido, desde há muitos anos, fora de Portugal. Em 2008, voltou da Suíça com um projecto na bagagem: fotografar os espaços do vinho do Porto.

O resultado é este belíssimo álbum, uma selecção das centenas de imagens que captou.

O que nos propõe José Miguel Ferreira é uma viagem sem destino exacto. Fugindo, deliberadamente, às coordenadas geográficas e à ordem do tempo. Desde o Alto Douro, onde crescem as vinhas, até aos armazéns de Gaia, tradicional centro de armazenamento e de comércio, ou à cidade que deu o nome ao vinho e espalhou a sua fama pelo mundo, a rota segue tempos e lugares aleatórios, sem preocupação de continuidade. Transporta-nos das vielas escorregadias do Porto medieval aos vinhedos e olivais do Douro, uma nesga de rio, aqui, e, depois, o rio que se alarga para nos abraçar. O rio, o rio sempre, como se fosse o único caminho de liberdade e eternidade a ligar lugares tão distintos e tão indissociavelmente unidos desde o fundo da história. E traz-nos do Douro a Gaia, a visitar poentes de névoa, rabelos parados no rio, velas descidas, a descansar de fainas passadas. E leva-nos de novo ao Douro, pode ser num dia de sol de Agosto, quando o canto das cigarras cobrir o recolhimento das vinhas antes da vindima, pode ser num Fevereiro chuvoso, a apreciar a geometria monumental dos patamares que sobem as encostas de xisto. Ou outro qualquer momento e lugar. Sem aviso prévio. Porque os caminhos por onde circula o olhar do fotógrafo pertencem a um mapa de espaços sentidos, irredutíveis a qualquer calendário pré-definido…”

…”A viagem pelo território do vinho do Porto, tal como a poética destas imagens de José Miguel Ferreira, procura a identidade do lugar. Com todos os sentidos. Assumindo a dúvida, como confessa o autor. Porque, acima de tudo, trata-se de “fazer Arte como se faz Amor”. Com o corpo e com a alma. Buscando desvendar paisagens, quotidianos, memórias... Ora frágeis e efémeras, ora intemporais, resistindo a tudo. Não é difícil perceber a força da natureza e a marca que o homem nela imprimiu, seja nas encostas do Douro vinhateiro, seja nos morros do Porto, onde o casario se encascata até ao rio. O rio sempre.

Extracto do prefácio da autoria de Gaspar Martins Pereira para o catálogo A Rota do Vinho do Porto

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